Família Souza

Família Souza
Nosso símbolo de infância

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O galope da vaca brava


Em todas as férias, uma diversão que não podia faltar era o piquenique. Tia Silvia e minha mãe preparavam tudo. Minha mãe, os comes e bebes e tia Silvia “botando” lenha na fogueira e levando pipoca.
Onde tinha grama e uma árvore, virava palco do piquenique.
Uma vez, resolvemos ir pro pasto, atrás da casa de vó Lilia, onde chamávamos de brejo. Não era como um brejo, mas o “apelido” veio desde o tempo que realmente era um brejo e ficou.
E pra não ficarmos pertinho da casa de vó, resolvemos ir pra debaixo do pé de paina, que margeava o rio. O lugar era ideal! Fazia um morrinho com grama, árvores e até flores. Cenário perfeito para um piquenique.
Só que no brejo, tinha o curral de tio Francisco, irmão de vô Amir. E nele, suas vacas mais bravas. Enquanto elas estavam longe, não havia problema, mas a partir do momento que alguém começava a falar um pouco mais alto, lá vinha a vaca brava pra estragar a brincadeira.
E fomos nós, alegres e sorridentes fazer a nossa festa.
E eis que num rompante, alguém grita:
- A vaca brava ta vindo!


Foi gente pra tudo que é lado!
Alice carregando Raissa e seu chinelo novo. Tia Silvia “deu no pé” e deixou todo mundo pra trás. E eu corria além que minhas pernas poderiam alcançar.
Passamos debaixo da cerca que dividia o quintal de vó numa velocidade, que pedaços de roupas e fios de cabelo ficaram pendurados no arame.
Depois do susto e assim que recuperamos as energias, fomos contabilizar nosso prejuízo. Além de roupas rasgadas e mechas de cabelos presos no arame, perdemos nossas guloseimas, Raissa perdeu seu chinelo novinho, primeira vez de uso, e ainda por cima levou a maior bronca de tio Ricardo.
Que confusão!
Sei que a partir deste dia, nunca mais fomos pro brejo levar galope de vaca.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A capoeira


A capoeira é um pedaço de mata que existe no pasto, nos fundos da casa de tia Lena.

A primeira vez que fomos até lá, meu pai estava junto levando a tiracolo nosso cachorro de estimação Wolf, um Husky Siberiano, que mais parecia um vira-lata, de tanta porcaria que comia.
Caminhávamos naquele pasto, como se ele fosse a montanha mais alta já conquistada por nós: os netos de vô Amir.
E pra não deixar de perder o costume, claro, um dia teríamos que ir à capoeira sozinhos. Desbravar “horizontes” sem ajuda de um adulto.
E um belo dia, o “quarteto fantástico” (eu, Fabio, Alice e Luisa) fomos explorar mata adentro. Nossas “armas” eram um galho de árvore, um facão enferrujado e claro, lanche para comer.
Dentro da mata ouvíamos de tudo: macacos gritando e fazendo bagunça, pássaros cantarolando pra atrair a parceira, grilos disputando o mais alto “cri-cri” e muitos, mas muitos zumbidos de mosquito.
Tudo ia muito bem, Fabio ia à frente abrindo caminho para nós, meninas e nós, meninas, batendo o maior papo e contando longas histórias.
Eis que num certo momento, o homem da expedição fica estático, imóvel, não mexia nem um fio de cabelo e revela o seu maior medo:

- Tem aranhas aqui.


Quando olhamos à nossa volta, estávamos numa clareira, no meio da mata, cercada de teias de aranhas. E enormes aranhas atravessadas nas teias.
Não tenho medo de aranhas, mas confesso que senti um arrepio de ver tanto aracnídeo junto!
Pronto. O local ficou batizado como Santuário das Aranhas.
E desde esse dia, as nossas aventuras na capoeira passaram a ter uma nova rota, mas sempre na volta pra casa ficávamos espiando de longe o Santuário das Aranhas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O espinho que anda

Quando eu tinha uns 8 para 9 anos existia na casa da minha avó um pé de “espinho que anda”. Não sei explicar até hoje o que era aquilo. Acho que era um animal, mas muito esquisito e que se semelhava ao espinho de uma roseira e doía tão quão o mesmo.

Ele vivia perto do pé de condensa que era na subida do caminho da vovó – como era o nome que minha avó deu para a estradinha que levava aos pés de manga.

Certa vez, América, uma cachorra que tio Quinquim tinha, criou um monte de cachorrinhos. O mais bonitinho era um cinza com olhos azuis que eu dizia que era meu e vivia carregando, mas sua casinha era bem embaixo do pé de condensa.

E aí, toda vez que eu ia “lamber minha cria”, lá estava o tal “espinho que anda” bem embaixo do meu pé. E aí, toda brincadeira ia por água abaixo!

Não teve um neto de vó, que não tivesse sido fisgado pelo “espinho que anda”.
Cada dia era um e era a maior choradeira. Meu irmão coitado, nessa época com mais ou menos 3 anos, vivia pisando em um. Era só chegar à casa de vó que já ia logo se machucando. Como era azarado!

Não lembro como apareceu, nem lembro quando sumiu. Sei que até hoje pesquiso sobre esse tal “espinho que anda” e mesmo com todo conhecimento que tenho da Biologia, ainda desconheço essa espécie.

Chiquita, a coelhinha branca


Eu sempre gostei de animais de estimação. Pelo menos na minha infância. Acho que por isso resolvi estudar biologia.

Quando eu estava no Grupo Escolar, eu ia muito estudar com Meirinha e Carol, minhas amigas desde o pré-primário que estimo até hoje.

Nos intervalos dos estudos, na casa de Carol, nós sempre tomávamos café com quitanda feito por Dona Nena e sempre dávamos uma voltinha pelo quintal para ver os bichinhos de Carol. Um deles eu adorava! Era uma coelhinha branquinha e de olhos vermelhos, como a música da Páscoa e ainda por cima cheia de filhotinhos!

Como eu era doida com os coelhinhos, Carol prometeu que me daria um assim que desmamassem.

Ganhei meu coelhinho, aliás, minha coelhinha e lhe dei o nome de Chiquita, mas sabem como é criança, não se contenta só com um. Então combinei com Carol que assim que crescesse, eu colocaria Chiquita para cruzar.

Nosso colega de classe, Fabiano de Zé Vitor, se prontificou em acompanhar o namoro dos coelhos, visto que ele entendia de animais e era considerado o veterinário da turma.

Combinamos então de realizar o encontro do casal. Marcamos dia e horário e lá estávamos nós, servindo de cupido para o casal de coelhinhos. O namoro foi bem rápido e levei minha coelhinha para casa e torcendo para que ela estivesse prenha.

Fabiano nos disse que por volta de 40 dias os coelhinhos iriam nascer. E como Carol já tinha um monte de coelhos, ela disse que eu poderia ficar com todos os coelhinhos da ninhada.

Passaram-se aproximadamente 40 dias e numa noite, minha mãe foi ao quintal lá de casa e viu um monte de pelos no chão perto do pé de mexerica. Olhou bem de perto e lá estavam Chiquita e seus 4 filhotinhos, cor de rosa, igual um leitãozinho.

Quando minha mãe me chamou pra ver, confesso que fiquei um pouco decepcionada. Não sabia que coelho nascia tão feio!

Mas conforme o tempo foi passando, os pelos foram crescendo e meus coelhinhos foram se tornando cada vez mais bonitinhos.

Dei nome a todos eles: Miúxa, que era a menorzinha da turma e não tinha rabinho, Catuxa, Pituxa e Chiquitita. Todos os nomes inspirados nas Paquitas da Xuxa.

Lembro-me que fiquei muito tempo com meus coelhinhos, mas meu pai me convenceu a dá-los para nosso vizinho, porque ele lá em casa e não teria mais quintal de terra para os coelhinhos. Fiquei sem meus coelhinhos, mas ganhei uma lembrança inesquecível deles.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O ovo que saía estrelinhas

Dentre minhas brincadeiras de infância, devo fazer uma observação também sobre meus raros momentos de peraltices de pré-adolescente.

Nas nossas visitas à casa dos tios, eu e Luisa (como sempre), com 12 e 10 anos respectivamente, fomos à casa de tia Cidinha ver Anna Elisa, que devia ter uns 2 anos na época.


Ela sempre foi uma menina meiga, loirinha que mais parecia uma bonequinha. E eu e Luisa vendo toda aquela brancura, não poderíamos deixar de colocar nossa maldade em ação.


Tia Cidinha tinha acabado de dar banho em Anna Elisa e ela estava toda arrumadinha só esperando o almoço ficar pronto. Mais que depressa, pegamos um ovo, colocamos na mão de Anna Elisa e dissemos:

- Bate o ovo na cabeça Anna Elisa, vai sair estrelinha dele.

Mostramos como fazer, mas na nossa mão não tinha nenhum ovo, então, ela repetiu o gesto, mas com a outra mão (sem ovo).


Já estávamos impacientes com tanta lerdeza! – queríamos que uma criança de 2 anos fosse tão rápida e ágil quanto nós duas.


Rapidamente, olhei para a cesta de legumes, peguei uma cebola e bati na minha cabeça pedindo que Anna Elisa repetisse o mesmo gesto.


E não é que ela “socou” o ovo na sua cabeça? E ainda por cima ficou olhando pra ver as estrelinhas!


Quase fizemos xixi na calça de tanto rir! E tia Cidinha, uma fera com a gente. Só não nos expulsou da casa porque corremos antes.

As visitas?


Ficamos um bom tempo sem ver Anna Elisa.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Minha primeira poesia


Quando eu tinha certa idade

Que eu não consigo lembrar

Ganhei um livro de poesias

E comecei a me encantar

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Era um livro pequeno e laranja

Que muita alegria me trazia

Tinhas várias histórias

E se chamava "As Mais Belas Poesias"

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Dentre as várias poesias

Por uma eu tinha muito carinho

Contava a história caprichosa

De um ninho de passarinho

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Eu imaginava aquela cena

Com a mais bela perfeição

E desde a época de minha infância

Eu já sabia o que era emoção

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Foi por isso que um dia

Cheguei em casa pra aprender

Peguei um livro de letrinhas e disse:

- Quero ler e escrever!

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Desde este dia então

Viajo no mundo das histórias

E tenho toda certeza

Que tudo está gravado na minha memória!



Sheila Souza Vieira