Família Souza

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Nosso símbolo de infância

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O pezinho de ameixa


Na casa da minha avó materna eu vivi grande parte das minhas aventuras.


Quando as brincadeiras eram de meninas, eu Alice e Luisa sempre imperávamos. Mas em algumas vezes o estresse falava mais alto e sempre tinha uma briga entre a gente. Ou eu e Luisa ficávamos contra Alice, ou eu e Alice ficávamos contra Luisa. Mas nunca as duas contra mim. Não sei se pelo fato de eu ser mais velha ou se eram as duas que se “embicavam” mesmo.


Certa vez, as duas brigaram e Luisa refugiou-se a mim para explorarmos o quintal de vó. Andando de um lado para o outro, sem muita ideia, vi no pequeno pé de ameixa, que ficava com o galho mais cheio de frutos dentro do galinheiro, uma penca amarelinha. Não tive dúvidas e “dei minhas ordens”:
- Luisa, vou subir no pé de ameixa. Fica aí embaixo vigiando pra vô não ver. Não suba! – fui enfática.


Mas sabe como é criança, ainda mais criança levada e doida pra comer ameixa.


Mal subi no franzino pé de ameixa e Luisa já veio subindo atrás de mim. E eu esticava meu braço pra tentar alcançar as ameixas e descer rápido antes que o pé quebrasse, mas não tive tempo.
Aliás, só deu tempo de gritar:
- O galho vai quebraaaaaaaaarrrrr!!!!


E fomos nós duas pro chão, junto com galho e tudo. Restou-nos catar as ameixas.


Mas o pior ainda estava por vir. Lá do outro lado do quintal estava Alice, gritando pra todos os cantos:
- Vô Amiiiiiiirrrrr, as meninas quebraram o pé de ameixa.


Só deu tempo de olhar pra trás e ver vô Amir com sua régua de costura vindo atrás de nós.


E eu gritava:
- Corre Luisa, que vô vai pegar a gente!


E nós duas passamos igual um tiro debaixo da cerca que dividia o quintal de vó com a rua lá de casa. E quanto mais corríamos, mais eu gritava pra corrermos mais. E ainda deu tempo pra arrumarmos um plano e ir para nosso refúgio secreto: a capoeira.


A capoeira é uma mata que existe, aos trancos e barrancos, nos fundos da casa de tia Lena. Toda vez que fazíamos algo de errado, íamos esconder lá. E pra lá fomos com a mão cheia de ameixas. Já planejávamos até passar a noite lá. Comida já tínhamos. Coisas de crianças.


Enquanto comíamos as ameixas, ficávamos vendo todo mundo gritar lá de baixo:
- Sheilaaaaaa, Luisaaaaa... seu avô quer falar com vocês...


E vô andando de um lado para outro no quintal da casa de tia Lena, parecendo furioso por termos quebrado o pezinho de ameixa.


Fomos descer já estava anoitecendo.


Sei que ficamos um bom tempo sem aparecer na casa de vó. Pelo menos até vô esquecer do pezinho de ameixa.


Sheila Souza Vieira

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